O baobá é uma árvore da flora africana. É do alto de sua copa que observaremos o que se publica em nosso país sobre este vasto e complexo, rico e desconehcido continente. Se esse tema é do seu interesse, galgue esta robusta árvore e venha partilhar esta visão privilegiada.

terça-feira, 22 de março de 2016

Tinariwen: o blues tuaregue do deserto estará no Brasil


Este artigo foi originalmente publicado no site Por Dentro da África no último domingo.


Já falei rapidamente sobre o Tinariwen (que na língua tamasheq significa deserto) em um blog musical, NALUPA há um tempo atrás. É um dos grupos musicais internacionais (originário do Mali, país situado na África Ocidental) que mais aprecio. Seu estilo foi intitulado no ocidente como “O Blues do Deserto”. Entre os fãs do Tinariwen, figuram celebridades como Robert Plant, Carlos Santana, Bono Vox e outros. Em 2012, o Tinariwen levou o Grammy de melhor álbum world music e o Songlines de melhor grupo, ambos pelo álbum Tassili. Você nunca ouviu? Então, pare tudo e escute:.


Assouf



Gostou? E se eu lhe disser que essa banda largou o fuzil para empunhar a guitarra em nome da luta pelos direitos de cidadania e autonomia política do seu povo? E se você soubesse que o líder da banda viu seu pai, um rebelde tuaregue, ser executado quando ele tinha apenas quatro anos de idade? É certo que esses e outros aspectos também me fazem apreciar essa banda. Mas a música que esses caras produzem me deixam arrepiado.


Tenere Taqhim Tossam



Mais importante ainda é que o Tinariwen é apenas o mais famoso e o primeiro de muitos grupos musicais do movimento Ichumar, corrente política tuaregue que luta pelos direitos de cidadania dos Kel Tamasheq, autodenominação identitária dos tuaregue. Os tuaregues são um povo que vive entre vários países do Saara Central, sem nunca ter logrado se estabelecer em um território próprio. Tenho um amigo tuaregue que defendeu uma dissertação de mestrado em história sobre o assunto na PUC-São Paulo, em 2014.


Mahfouz Ag Adnane fala sobre sua dissertação



O som do Tinariwen é essencialmente baseado na guitarra, cujo estilo é conhecido como assouf. Tal estilo de guitarra tem raízes na música da região da “grande curva” do rio Níger, entre Tombuctu e Gao, duas cidades do Mali. As melodias, ritmos e instrumentos tradicionais tuaregues – consubstanciados em um estilo conhecido como Chaabi – são uma das bases presentes nas composições do grupo. Tal estilo costumava ser executado por instrumentos como a flauta de pastor, um instrumento de homem; o violino de uma corda conhecido como imzad e o tambor tindé ambos tocado por mulheres. Outro instrumento marcante é o tradicional alaúde conhecido como o teherdent, usado pelos griots das regiões de Gao e Timbuktu. O fato é que Ibrahim Ag Alhabib, o líder da banda, juntamente com outros músicos, começou a explorar a versão rebelde e radical do chaabi e mesclá-la com o clássico do rock ocidental, tendo forte influência de Elvis Presley, Led Zeppelin, Santana, Jimi Hendrix, Bob Marley e etc. Deu no que deu, para nossa felicidade.


Walla illa



E se eu dissesse que o Tinariwen vai estar no Brasil esse mês? Pois creia, eles vão estar! Em São Paulo, o grupo faz duas apresentações no Sesc da Vila Mariana entre os dias 23 e 24 de março de 2016. De São Paulo, a banda segue para o Rio de Janeiro, onde se apresentará na Fundição Progresso no dia 26 de março.

domingo, 22 de abril de 2012

O Imperio Songhai e outras palavras

Aos leitores devemos explicações. No sábado anterior a ontem, 14.04.2012, foi exibido na Radio Muda o programa África Livre, cujo tema foi o Império Songhai. Como este escrevivinhador divide-se entre várias atividades, há momentos em que uma delas sobrecarrega a divisão do tempo, sobrepondo-se às demais. Foi assim na última semana. Uma das dimensões sobrepôs-se às demais, acachapando-as! E embora tenha conseguido apresentar o programa semanal, não pude fazer a divulgação que tanto me apraz.

Ontem, o programa não foi ao ar por ter ocorrido problemas técnicos na Radio Muda. O que dizer agora? Que para compensar tudo isso, o Olhando do Baoba está trazendo algumas modificações. Se o leitor notar, no lado direito do blog, dispus um novo campo denominado Africa Livre links, espaço onde é possível acessar cada um dos podcast dos programas que já foram ao ar e que estão hospedados no Na Lupa. Dois avisos aos navegantes faz-se necessário: por causa dos problemas técnicos de ontem, não teremos um podcast esta semana. Além disso, próximo sábado tampouco haverá programa, por ser um dia importante para aquela que adoça os dias deste que vos escreve! Neste caso, vai ser a dimensão do companheiro que acachapará todas as outras. Contudo, peço paciência ao leitor, para esperar mais quinze dias e voltarei com força total.

Sonni Ali

Por ora, deixemos de delongas e adentremos ao assunto do último programa! O Império Songhai foi o maior Estado da África ocidental e teve seu apogeu entre os séculos XV e XVI. O império recebeu o mesmo nome de seu principal grupo étnico, os songhai. No início do século XV, o Império do Mali começou a declinar. As disputas pela sucessão enfraqueceram a coroa e muitos afastaram-se. O Songhai foi um deles, fazendo de Gao uma cidade proeminente e capital do Novo Império.

Askia Muhammad I

O primeiro imperador de Songhai foi Sonni Ali Ber, que reinou por volta de 1464 a 1493. Como os reis de Mali, Ali era um muçulmano. No final de 1460, ele conquistou muitos dos estados vizinhos do Songhai, incluindo o que restava do Império Mali. Sonni Ali rapidamente se estabeleceu como o mais formidável estrategista, militar e conquistador do Sahel. Ele anexou a cidade de Tombuctu – centro intelectual da região – em 1468, depois que os líderes islâmicos desta solicitaram a sua ajuda para expulsar os tuaregues que haviam tomado a cidade após o declínio do Mali. Já a conquista de Jenné foi mais difícil. Ali só conquistou esta rica e bela cidade depois de um cerco persistente de sete anos, incorporando-a ao seu vasto império em 1473. O sucessor de Ali, Askia Muhammad I, ampliou e fortaleceu o império, tornando-no o maior Estado na História da Africa ocidental. A padronização de regras para as relações comerciais e uniformização do sistema de impostos foram medidas estabelecidas em seu reinado.

Tumba de Askia

Gao, Tombuctu e Djenné eram importantes centros urbanos da região. A primeira, como já vimos, foi a sede política do Imperio Songhai. A segunda, um centro onde o conhecimento borbulhou durante muitos séculos. A terceira, um dos mairoes centros comerciais da região. Gao era um importante entreposto para caravanas  e tornou-se num dos mais importantes centros do comércio transaariano. A cidade possui monumentos, como a Tumba de Askia, que foram considerado Patrimônio da Humanidade pela UNESCO.

  
Mesquita de Djingareiber
Tombuctu foi fundada por volta do ano 1100. No século XIV, passou a fazer parte do Império do Mali, mas atingiu o seu apogeu sob o domínio do Império Songhay, tornando-se um paraíso para os estudiosos e capital espiritual da dinastia Askia entre 1493 e 1591. A cidade foi habitada por muçulmanos, cristãos e judeus durante centenas de anos, sempre considerada um centro de tolerância religiosa e racial. A cidade tem três grandes mesquitas que serviam como centros de estudos: a maior foi construída em barro em 1325, é conhecida por Djingareiber

Grande Mesquita de Djenné
Entre os séculos XI e XIII, Djenné foi um dos principais centros comerciais na África Ocidental, o terminal principal do comércio do sal, ouro e escravos da rota de comércio trans-saariano. No entanto, seu nome não exerceu a mesma impressão sobre os escritores árabes e europeus que Timbuktu. Alguns estudiosos acreditam que Djenné é a fonte da “Guinauha” termo árabe, que viria a ser traduzido pelos europeus para a Guiné. A sua Grande Mesquita, construída no século XI, foi um importante centro da vida religiosa.

O declínio do imperio ocorreu por dois importantes fatores. Primeiro, uma guerra civil de sucessão enfraqueceu o Império. Segundo, a noticia desta fragmentação interna conduziu o Sultão do Marrocos a despachar uma força de invasão à região, por volta de 1590. Lembre-se que o Marrocos na época havia triunfado contra os portugueses, mas esta guerra o havia empobrecido. Depois de uma marcha através do deserto do Saara, as forças do Marrocos capturaram, saquearam e destruíram as minas de sal dominadas pelo Imperio Songhai, movendo-se em seguida direção à capital do imperio, Gao. Em 1591, as forças do Songhai e do Marrocos se encontraram, sendo a derrota das forças de Songhai marcada por uma debandada de gado provocada por disparos de armas de fogo. O comandante das forças marroquinas saqueou Gao, Tombuctu e Jenné, destruindo o Songhai como uma potência regional.

As músicas exibidas no último programa traziam atrações musicais do Benim, Mali, Burkina Faso e Mauritânia. Quatro dos oito países que hoje ocupam a região do que outrora foi domínio do Imperio Songhai. Como disse acima, o podcast do programa já está disponível para ler, ouvir e baixar. É só dar um clique no link ao lado direito. Até de hoje a quize, como dizem os baianos. Enquanto isso, ficarei aqui obsevando sem do baobá sair!

domingo, 8 de abril de 2012

O Califado de Sokoto no Sábado de Aleluia

Esse final de semana foi muito interessante. A Sexta-Feira "santa" - regada a cerveja e vinho verde - foi marcada por um almoço atípico com caruru, vatapá e moqueca de peixe. "Atípico porque?" Alguns podem questionar. Esclareço que foi atípico por se tratar de Campinas-SP, local de estudos; e não Salvador-BA, terra natal deste que vos escreve. Hoje, o domingo de comer chocolate, equivocadamente denominado de Domingo de Páscoa, foi diet; pelo menos para mim! Contudo, na noite onde algures uns malhavam e outros queimavam o Judas - isso mesmo, no Sábado de Aleluia -, começava mais um programa Africa Livre, cujo tema não podia deixar de ser... o Califado de Sokoto! Não me venha novamente o leitor me dizer que nunca ouviu falar deste tema!


Sede do Sultanato de Sokoto em 1850, publicada na Revista Haper Weekly em 12/09/1857


O Califado de Sokoto foi um dos maiores impérios muçulmanos do Sael, região que fica na fronteira entre o Deserto do Saara e as zonas úmidas da floresta equatorial da África.
Usman Dan Fodio
O império emergiu no inicio do século XIX, em função das jihads (guerras santas) dos fulas (grupo étnico-liguístico), na região onde hoje é o norte da Nigéria. O Califado de Sokoto foi o centro da cultura, da política e da economia de boa parte do Sael, até que foi derrotado pelos exércitos franceses e britânicos entre o final do século XIX e início do XX. O grande Estado islâmico foi fundado na primeira década do século XIX por Usman Dan Fodio, que se tornou o primeiro sultão de Sokoto ou, na terminologia da época, o primeiro Sarkin musulmi (comandante dos fiéis). Embora Dan Fodio tenha se recusado a assumir o título de sultão, cada um de seus sucessores se auto-declararam Sultão de Sokoto.

Dan Fodio foi um líder religioso e professor fula que viveu na cidade-estado hauça de Gobir, até ser perseguido politicamente. Iniciou a sua jihad em 1804, depois que ele e seus seguidores foram expulsos da cidade. Em 1815, quando seus exércitos terminaram suas conquistas, o império religioso de Usman Dan Fodio abrangía um pouco mais do que é hoje o norte da Nigéria e dos Camarões, bem como pequenas partes ao sul do Níger e a oeste do Chade. Dan Fodio também influenciou as guerras santas de regiões próximas, cujo resultado foi a criação de estados islâmicos no Senegal, Mali e Chade.

O império continuou a ser um sucesso econômico durante todo século XIX, já que o território encontrava-se unificado. O nível de prosperidade era sem precedentes e a região manteve-se a salvo de ataques dos nômades do Saara. Enquanto o sultão de Sokoto era essencial para a prosperidade e unificação do califado, os emires (chefe de emirados) controlavam outras cidades – um exemplo importante fora a cidade de Kano, centro urbano de grande pujança comercial.

Cidade de Kano, 1851 - por Heinrich Barth

Por causa do Sábado de Aleluia, o DJ Bantu resolveu brindar os ouvintes e leitores com esta história muçulmana, só para variar. E sendo o Califado de Sokoto um Estado que ocupou o norte da Nigéria e dos Camarões bem como pequenas regiões do Niger e do Chade, Bantu trouxe para vocês Haruna Ishola, com sua apala yorubana; Mamar Kassey, com seu pop-jazz étnico; Maître Gazonga e seu afro-pop islâmico; e Manu Dibango, com um jazz afrobeat inconfundível.

Para aqueles que nunca leram os posts de domingo, cabe informar que estas mal traçadas linhas são uma resenha do programa de música, culturas e informações sobre as Áfricas, exibido todo sábado, às 19:00h, na Radio Muda. Avisamos também aos novos navegantes que é possível ouvir e baixar os programas em um site que hospeda todos os podcast de nossos programas: Na Lupa. Aproveitando o ensejo, divulgo ainda que o nosso terceiro programa Africa Livre #03 - O Reino do Congo já está disponível para ler, ouvir e baixar. E se você perdeu o programa do Sábado de Aleluia, não tem problema... estaremos publicando o podcast na próxima quarta-feira no Na Lupa. Gostou da nossa iniciativa? Envie um email para africalivre@yahoo.com.br com sugestões, críticas e congratulações.

Ficarei por aqui espreitando tudo que acontece, ouvindo, baixando e lendo dessa posição privilegiada que o baobá me oferece.

domingo, 1 de abril de 2012

O Reino do Congo contra Seu Jorge

Noite de sábado do dia 31 de março de 2012, Campinas. No bairro do Taquaral, começava o show ao vivo do Seu Jorge com expectativa de ser visto por cerca de dez mil pessoas. No campus da Unicamp, na Radio Muda, sozinho, o DJ Bantu começava mais um programa África Livre. Concorrência difícil, hein? Mas se você pensa que houve uma gota sequer de desmotivação, pode ter certeza que você está completamente enganado!

Audiencia concedida pelo manicongo aos portugueses
 juntamente com outros súditos
O programa do último sábado elegeu como tema o Reino do Congo. Poderoso Estado centro-africano que ocupou a região onde hoje se encontram os territórios de Cabinda, um enclave de Angola; a República do Congo; uma parte ocidental da República Democrática do Congo; e uma parte centro-sul do Gabão. Na sua máxima dimensão, o reino do Congo estendeu-se desde o oceano Atlântico a oeste, até ao rio Cuango a leste; e do rio Oguwé no atual Gabão ao norte, até o rio Kwanza ao sul. O Reino do Congo teve seu apogeu no século XVI, período que coincidiu com o aparecimento dos portugueses nesta região. Esse encontro marcou o começo do hediondo Tráfico Transatlântico de Escravos.

Rainha Nzinga
O império era governado pelo manicongo, título do imperador. Constituído por nove províncias e três reinos: Ngoy, Kakongo e Loango, sua área de influência estendia-se também aos estados limítrofes, tais como, Kassanje, Kissama, Ndongo e Matamba. Estes dois últimos estados foram, em diferentes momentos, sede do poder da Rainha Nzinga, famosa lideránça política que à sua forma, impediu os portugueses de conquistar totalmente a região.

O começo do fim do Reino do Congo ocorreu na famosa Batalha de Mbwila. Onde forças congolesas e portuguesas, ambas reforçadas por seus numerosos aliados, confrontaram-se estrepitosamente. Nesta batalha, o regente congeles Antonio I foi motalmente atingido, deixando vago o trono. Tal vacância do trono produziu guerras intestinas pelo sucessão que durariam décadas e que fragmentariam irremediavelmente o poderoso Estado. A Batalha de Mbwila ficou magistralmente retratada nos azuleijos da Igraja de Nossa Senhora de Nazaré, em Angola.

Batalha de Mbwila - Azuleijo da Igreja de N. Sª Nazaré em Luanda


Os dois países atualmente conhecidos pelo nome do antigo reino são a Republica do Congo, cuja capital é a cidade de Brazzaville e a Republica Democrática do Congo cuja capital é a cidade de Kinshasa. A Republica Deocrática do Congo é também conhecida por RDC, RD Congo e Congo-Kinshasa. O RDC já teve outros nomes como Estado Livre do Congo, na época em que era propriedade pessoal do Rei da Bélgica, Leopoldo I (1877-1908). Foi também denominado de Republica do Zaire, quando Mobutu Sese Seko impôs uma brutal ditatura ao páis entre 1971 e 1997. O fator fundamental para diferenciar os dois países reside no fato de que o RDC ou Congo-Kinshasa está localizado no centro do continente africano e é um dos maiores países do mundo, tanto em extensão territorial quanto em número populacional. Enquanto a Republica do Congo, ou Congo-Brazzaville é um pequeno país ao ao norte do Rio Congo.

República Democrática do Congo
Republica do Congo













Além dos músicos desses dois países, o programa exibiu artistas de Angola e Gabão. Ritmos como o zouk, o semba, o soukuos e a rumba foram transmitidos na última noite de sábado, em execussões magistrais de Oliver N'Goma, Les Bantous de la Capitale, Werrasom e Paulo Flores. Se você perdeu o programa, não se preocupe. Na próxima quarta-feira o podcast do Africa Livre - O Reino do Congo estará disponível no Na Lupa. Aliás, o programa Africa Livre #02 - O Grande Zimbabue já está disponível, para ouvir, baixar e ler. Continuamos recebendo sugestões, críticas e congratulações no africalivre@yahoo.com.br. Gostou da nossa iniciativa? Mande um email. Logo-logo você terá a oportunidade de ouvir mais um dos nosso podcasts.

Enquanto isso ficaremos por aqui olhando, lendo, ouvindo e baixando, de cima desta enorme árvore.

domingo, 25 de março de 2012

A região do Grande Zimbábue no Africa Livre

O programa África Livre foi para o ataque novamente. Seu foco de estudo musical centrou-se na região onde floresceu o "Grande Zimbábue". Os ouvintes se deliciaram com artistas de Moçambique, Zambia e Zimbábue. Por fim, o Malawi completou a lista dos quatro países que cada programa exibe. Oliver Mtukudzi do Zimbábue abriu o programa e foi seguido por Esau Mwamwaya do Malawi. Da Zambia, ouviu-se o grupo Amayenge e por fim o Ghorwane de Moçambique. O programa melhorou em relação ao exibido no dia 17 de março e pôs fim aos silêncios técnicos e às falas muito longas. A seleção musical, mais uma vez, agradou muito. Ao que parece, o programa tentará focar aspectos da história pouco conhecida das várias regiões do continente africano.

Reconstituição do Grande Cercado
Você sabia que no sudeste do continente africano há uma edificação suntuosa cuja construção data do século XV? As ruinas desta construção estão situadas na Republica do Zimbábue. Sua edifcação mais famosa recebeu o nome de Grande Cercado. Acredita-se que esse conjunto de edificações tenha sido a capital do Grande Zinbábue, um Estado importante que floreceu no Século XIII em decorrencia da mineração aurífera. Marcada por edifícios e muralhas de pedra, a capital deste Imperio ainda impressiona pelas suas dimensões. A muralha do Grande Cercado, por exemplo, tem altura de cerca de sete metros e uma lagura de cinco metros e meio na base. A figura ao lado ilustra como era esse belíssimo edificio no seu apogeu. Abaixo vemos as ruinas do Grande Cercado nos dias de hoje.

Ruinas da Capital do Grande Zimbábue

Vê-se que o DJ Bantu trouxe algumas novidades. Além da escolha de uma temática por programa, houve a informação de que cada programa terá um podcast no site Na Lupa. Outra inovação foi a criação de um canal de comunicação via email para os ouvintes que quiserem interagir ao vivo com o programa. Neste caso, é só enviar um email para africalivre@yahoo.com.br contendo sugestões para os novos programas ou artistas, críticas, congratulações e "o que te der na telha", nas palavras do DJ Bantu.

O programa perdeu um pouco em informação, mas os podcasts no Na Lupa podem ser acessados posteriormente às exibições e estão recheados com informações resumidas sobre os artistas e os seus respectivos países. O podcast do Africa Livre #01 - Estréia, ja pode ser ouvido, baixado e lido.

Se você curte ou tem curiosidade sobre a música produzida no continente do outro lado do Atlântico, acompanhe os programas aos sábados às 19h na Radio Muda, e/ou acesse os podcasts. Está é sua oportunidade de se deliciar com a musicalidade e as informações desse projeto cultural de divulgação.

Eu estou daqui do baobá observando a movimetação que as músicas estão produzindo nos ouvintes.

segunda-feira, 19 de março de 2012

Cadê a coleção de História Geral da Africa?

Ontem, depois de um significativo tempo sem postar nada neste blog, resolvi divulgar um novo programa sobre música africana que está sendo apresentado na web: Africa Livre. E como havia um bom tempo que não acessava está página, passei os olhos sobre os poucos post que existem. Pouco sim, mas todos importantes!

Contudo, tive uma triste surpresa ao ver o post sobre a História Geral da África. O site onde a portentosa coleção estava hospedada tinha saído do ar!! Como assim? Me perguntei. Não é possível! Deve ser algum problema momentâneo. Como estava muito cansado, fui dormir.

Hoje, em minha tarefa diária de verificar os emails, vi que alguns sites estavam divulgando o que publiquei ontem sobre o supracitado programa de rádio. Entre esses sites figurava o Instituto Buzios, onde também há um link para a coleção da HGA. Automaticamente cliquei no link e novamente fui remetido ao mesmo site da Unesco, informando que a página não havia sido encontrada.

Como sou insistente, antes de fazer alarde, fui ao google fazer uma consulta mais pormenorizada. Para minha surpresa, agora de alívio, encontrei a página onde estão hospedados os oito volumes da HGA. Contudo, me pareceu muito estranho a mudança de hospedagem da página. E por isso, para aqueles que por acaso acessaram aqui o link da HGA e não conseguiram encontrar os volumes, deixo-vos o novo link da coleção. Os oito volumes estão disponivel nesta página da Unesco. Fiquemos de olho. Ou será coisa da minha cabeça?

Do meu usual mirante, o baobá, continuarei a vigília. Fique também de olho e façam logo o seu download!!!

domingo, 18 de março de 2012

Africa Livre nas ondas da radio livre

Ontem, sábado, 17 de março, estreiou um programa de radio que chamou minha atenção: Africa Livre. O programa anunciava a execução de músicas produzidas por cantores e cantoras africanas. Prometia também agraciar seus ouvintes com cultura e informações sobre o continente negro. Exibido na Radio Muda, o programa surpreendeu.

Mas antes de falar sobre o programa avançemos só um pouquinho sobre o que é Radio Livre. Esta é uma modalidade de transmissão radiofônica que desafia o controle comercial e estatal das transmissões via ondas de radio no Brasil e no mundo. Organizados em coletivos libertários, este tipo de ação política tenta produzir uma forma de comunicação alternativa que zela pela diversidade e indepedência da liberdade de expressão. Muito conhecida no movimento da radiodifusão livre, a Radio Muda é a transmissora livre com mais tempo no ar. Como consta em seu site, o coletivo denomina-se como: NEM ILEGAL NEM LEGAL: LIVRE. É nesta onda radiofônica da liberdade que o programa Africa Livre está surfando.

Apresentado e dirigido pelo DJ Bantu, o programa de ontem exibiu quatro grandes nomes da música africana: Salif Keita, Cesária Évora, Fela Kuti e Miriam Makeba. De borla, como dizem os moçambicanos, o ouvinte foi ainda premiado com algumas informações sobre a vida e a arte destes cantores e cantoras nascidos do outro lado do Atlântico, como também com uma pequena história sobre os países onde nasceram esses importantes nomes da música internacional. Ao que parece, no próximo sábado, o DJ Bantu voltará com novas atrações da música africana.

O ouvinte deve estar preparado para ouvir um programa que tecnicamente ainda está em processo de aperfeiçoamento. Além disso, deve ficar atento para o fato que a radiodifusão livre preocupa-se principalmente com a disseminação das suas ideias, a divulgação da diversidade e a ruptura com os modelos da radiodifusão comercial. Mas apesar dos problemas técnicos, o conteúdo musical e informativo do programa faz valer a pena um pouquinho de sofrimento. Só a título de exemplo e para deixar um pouquinho de inveja em quem não ouviu, o programa do último sábado foi encerrado pela Miriam Makeba em sua magistral interpretação de Xica da Silva. Se no próximo sábado você estiver sem nada para fazer por volta das 19 horas, acesse a Radio Muda e curta um tipo de música ainda muito pouco divulgada no Brasil e encante-se. Eu certamente ficarei aqui de cima do baobá esperando para escutar as próximas supresas.