O baobá é uma árvore da flora africana. É do alto de sua copa que observaremos o que se publica em nosso país sobre este vasto e complexo, rico e desconehcido continente. Se esse tema é do seu interesse, galgue esta robusta árvore e venha partilhar esta visão privilegiada.

domingo, 8 de abril de 2012

O Califado de Sokoto no Sábado de Aleluia

Esse final de semana foi muito interessante. A Sexta-Feira "santa" - regada a cerveja e vinho verde - foi marcada por um almoço atípico com caruru, vatapá e moqueca de peixe. "Atípico porque?" Alguns podem questionar. Esclareço que foi atípico por se tratar de Campinas-SP, local de estudos; e não Salvador-BA, terra natal deste que vos escreve. Hoje, o domingo de comer chocolate, equivocadamente denominado de Domingo de Páscoa, foi diet; pelo menos para mim! Contudo, na noite onde algures uns malhavam e outros queimavam o Judas - isso mesmo, no Sábado de Aleluia -, começava mais um programa Africa Livre, cujo tema não podia deixar de ser... o Califado de Sokoto! Não me venha novamente o leitor me dizer que nunca ouviu falar deste tema!


Sede do Sultanato de Sokoto em 1850, publicada na Revista Haper Weekly em 12/09/1857


O Califado de Sokoto foi um dos maiores impérios muçulmanos do Sael, região que fica na fronteira entre o Deserto do Saara e as zonas úmidas da floresta equatorial da África.
Usman Dan Fodio
O império emergiu no inicio do século XIX, em função das jihads (guerras santas) dos fulas (grupo étnico-liguístico), na região onde hoje é o norte da Nigéria. O Califado de Sokoto foi o centro da cultura, da política e da economia de boa parte do Sael, até que foi derrotado pelos exércitos franceses e britânicos entre o final do século XIX e início do XX. O grande Estado islâmico foi fundado na primeira década do século XIX por Usman Dan Fodio, que se tornou o primeiro sultão de Sokoto ou, na terminologia da época, o primeiro Sarkin musulmi (comandante dos fiéis). Embora Dan Fodio tenha se recusado a assumir o título de sultão, cada um de seus sucessores se auto-declararam Sultão de Sokoto.

Dan Fodio foi um líder religioso e professor fula que viveu na cidade-estado hauça de Gobir, até ser perseguido politicamente. Iniciou a sua jihad em 1804, depois que ele e seus seguidores foram expulsos da cidade. Em 1815, quando seus exércitos terminaram suas conquistas, o império religioso de Usman Dan Fodio abrangía um pouco mais do que é hoje o norte da Nigéria e dos Camarões, bem como pequenas partes ao sul do Níger e a oeste do Chade. Dan Fodio também influenciou as guerras santas de regiões próximas, cujo resultado foi a criação de estados islâmicos no Senegal, Mali e Chade.

O império continuou a ser um sucesso econômico durante todo século XIX, já que o território encontrava-se unificado. O nível de prosperidade era sem precedentes e a região manteve-se a salvo de ataques dos nômades do Saara. Enquanto o sultão de Sokoto era essencial para a prosperidade e unificação do califado, os emires (chefe de emirados) controlavam outras cidades – um exemplo importante fora a cidade de Kano, centro urbano de grande pujança comercial.

Cidade de Kano, 1851 - por Heinrich Barth

Por causa do Sábado de Aleluia, o DJ Bantu resolveu brindar os ouvintes e leitores com esta história muçulmana, só para variar. E sendo o Califado de Sokoto um Estado que ocupou o norte da Nigéria e dos Camarões bem como pequenas regiões do Niger e do Chade, Bantu trouxe para vocês Haruna Ishola, com sua apala yorubana; Mamar Kassey, com seu pop-jazz étnico; Maître Gazonga e seu afro-pop islâmico; e Manu Dibango, com um jazz afrobeat inconfundível.

Para aqueles que nunca leram os posts de domingo, cabe informar que estas mal traçadas linhas são uma resenha do programa de música, culturas e informações sobre as Áfricas, exibido todo sábado, às 19:00h, na Radio Muda. Avisamos também aos novos navegantes que é possível ouvir e baixar os programas em um site que hospeda todos os podcast de nossos programas: Na Lupa. Aproveitando o ensejo, divulgo ainda que o nosso terceiro programa Africa Livre #03 - O Reino do Congo já está disponível para ler, ouvir e baixar. E se você perdeu o programa do Sábado de Aleluia, não tem problema... estaremos publicando o podcast na próxima quarta-feira no Na Lupa. Gostou da nossa iniciativa? Envie um email para africalivre@yahoo.com.br com sugestões, críticas e congratulações.

Ficarei por aqui espreitando tudo que acontece, ouvindo, baixando e lendo dessa posição privilegiada que o baobá me oferece.

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